viernes, 30 de noviembre de 2012



Horàcio estava já atordoado com a conversa da mulher sobre as novas relações modernas. Não que ele fosse um homem retrógrado. Nada disso,  mas estava acostumado a sua vida cotidiana e achava o maior barato essa monotonia.
Era feliz, não se queixava, mas Marta estava já há muitos dias com aquele blablabla que não parava mais. Então ele egritou:
 -JÁ CHEGA MARTA!

Ela se encolheu toda, nunca ouvira o marido gritar. Homem calmo e cauteloso, Horácio não se dava ao luxo de xeliques.
 - O que é que vocês está querendo Marta? Uma relação aberta? Você quer que sejamos o quê? Swinguers? Heim? Heim?

Marta calou-se definitivamente. Ficou encolhida no banco do passageiro.
Chegando em casa ele foi direto tirar sua roupa e colocá-la em seu devido lugar. Os sapatos, meias, o relógio. Acomodou um pouco mais à direita. Melhor  ao centro da cômoda o relógio. Os chinelos, primeiro a direita, logo esquerda. Fez o que fazia sempre. Saiu ao quintal, deu comida ao cachorro, trocou a água. Tirou as coisas do carro, ligou a rádio. Tomou banho, jantou, deitou para ver futebol na cama.

Marta saiu. Marta mulherzinha inquieta, sempre está em tudo, sempre sabe tudo, sempre pode tudo. Ahh Marta onde você tem andado... Como não percebi essa mulher gulosa que vivia dentro de você quando nos casamos, e agora? Como alimentá-la?

Horácio ficou ali pensando nas inúmeras frases sem sentido que Marta depositou em sua mente. No momento em que foram ditas, obviamente saíram de um contexto, mas Horácio não prestou atenção.. e agora eram frases flutuando em massa cinza, mole, como cimento fresco.

"Todos temos um lado negro" -  repensava -  Marta tinha seu lado negro aflorado, era visível.
Mas ele não, ele era um senhor de pouca idade, mas com a dignidade de um meio século. 

Acordou no meio da noite, a mulher dormia semi nua, a luz da rua dava em seu ombro e ele ali ficou a fitá-la, seu corpo desenhado, seu rosto fino, seus pés bonitos. Sua cabeça insana. Fechou os olhos e viu como era deliciosa sua perna, a lâmina de um bisturí passando pedaço por pedaço, fatias finas desse corpo, os mamilos como cerejas e quando imaginava como os mastigava e o sabor salgado de cartilagem e sangue, gozou.
Marta era seu lado negro.

Hay una línea muy fina entre lo que se debe hacer por la realidad y lo que se debe hacer en ensueños.
A mi me han dicho friamente >FRIA<.
Se sintió real. Puse mi doble en vacaciones, entré en escena.

La gallega en la psicologa....

Psicologa:  ¡Te ves muy bien! ¿Como vamos con los temitas pendientes?

Gallega:     Puez, vamoz muy bien muy bien, trabajándoloz, puez he hecho loz ejercicios de ampliaziòn del campo vizual, eztuve saliendo con miz amigas, puez baztante enfocada en lo laboral y puez ya nada.

Psicologa:   Eso es muy bueno, me alegro mucho, es necesario que dejemos libre nuestra mente y que empecemos a llenarla con cosas que la mantenga ocupada. Asì dejas de volver a ese lugar pasado, a ese momento pasado, a esa persona pasada...

Gallega:     Puez sí, tú tienez razón, y puez  he notado que ya no ez parte mía, cuando venía por la calle juztamente pensaba en eso ... NO VÍ SU AUTO,  ese auto negro caro, que tenía esaz inicialez graciosaz en la patente. Puez no eztaba allí, dónde siempre lo aparca, como una noche que me fue a buzcar en una fiezta y nos dimoz un bezo y luego bajamoz para ir a su departamento... de la manito por la calle... esa noche de octubre, traía un traje griz...